Desde cedo, quando questionada sobre qual seria minha escolha profissional, não tinha dúvida: empresária. Mesmo sem entender o que isto significava, esta resposta era a forma de externalizar uma intuição que sempre vibrou dentro de mim.
Na infância, nos desfiles das bonecas enquanto as amigas enfeitavam e conduziam suas bonecas na passarela, eu era aquela que cuidava da organização do evento e das finanças. Nas brincadeiras de rua, preferia os desafios oferecidos pelas brincadeiras dos meninos.
E de forma precoce, entendi que, como mulher, sustentar esta essência inquieta e curiosa, ser protagonista da minha história não seria simples e nem fácil.
Assim, além do desejo de ser empresária, cultivei o posicionamento feminino, e a receita da criatividade, coragem e resiliência para seguir meu caminho e dar forma ao sonho que um dia foi uma simples intuição, sem deixar que barreiras culturais me paralisasse.
Hoje, sou cofundadora, sócia e executiva do Grupo Triex. Empresa com 30 anos de atuação no setor sucroenergético. A trajetória como executiva à frente das áreas financeira, administrativa e de desenvolvimento da empresa, além da forte e sólida experiência adquirida, teve sempre como aliada a valorização do conhecimento e sua atualização.
A experiência em Conselhos entrou na minha carreira profissional recentemente, mas já estou completamente apaixonada por esta nova atividade e o desafio de conseguir inspirar e fazer a diferença na história das empresas e na vida de pessoas que, como eu, não resistiram à atração de empreender.
Porém, é preciso reconhecer que o preconceito à mulher ainda existe na maioria das esferas sociais, e nos Conselhos das empresas não é diferente.
Sob o olhar, muitas vezes preconceituoso para a figura feminina, para se fazer ouvir é necessário usar uma energia intensa, e até mesmo irritada, indo contra ao equilíbrio da própria essência.
Atualmente, com a agenda de diversidade de gênero, que ganhou força com o avanço da tecnologia, com a rapidez das informações e a participação de diversos perfis e grupos sociais neste ambiente, as empresas estão sendo desafiadas para um olhar mais amplo, afinal o que era fator de diferenciação passou rapidamente a ser considerado pré-requisito no mercado competitivo.
Aqui, não se trata de uma agenda para cumprir tabela ou mesmo filantropia, mas sim do acesso às oportunidades para todas as pessoas.
Dentro de um ambiente estratégico, como um Conselho, quando se analisa determinado problema, sob a ótica de várias perspectivas, valorizando as diferentes capacidades de ação estratégica, o resultado é uma discussão ampla, que fortalece e cria soluções e resultados saudáveis para as empresas.
Mesmo assim, as recentes pesquisas de análise da participação das mulheres em conselhos e diretorias das empresas, apresentam um avanço pouco representativo.
Por outro lado, a trajetória até posições no Conselho, demanda (ou é desejável) percorrer cargos de liderança e de estratégias.
Mas num ambiente ainda com tantas restrições para grupos minoritários, inclusive as mulheres – que é o foco deste texto – é preciso estimular e dar espaço para esta capacitação.
E esta não é uma questão só das mulheres, mas de todos e todas que de modo geral, ocupam os espaços de gestão e Conselho. É preciso que as iniciativas de inclusão saiam da teoria e entrem na veia de todos.
Se a realidade social é resultado da construção humana, é possível mudar isto. E para tal, além da busca de informações e aprendizado contínuos, é preciso que as pessoas estejam atentas e abertas às constantes evoluções da sociedade.